Nala Land: paixão por jogos de tabuleiro vira negócio no Recife

O único bar de jogos da cidade está localizado no bairro do Arruda

Nala Land: paixão por jogos de tabuleiro vira negócio no Recife

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Uma advogada, um personal trainer, duas psicólogas e a paixão por jogos de tabuleiro foram cruciais para a criação do Nala Land. Antes de ser um bar de jogos ou tabuleiria, o negócio, carregado de nostalgia, funcionava na casa de uma das sócias, na Zona Norte do Recife, como uma locadora de jogos de tabuleiro durante a pandemia de Covid-19. Ao LeiaJá, Walkyria Bezerra, advogada e uma das proprietárias, conta como foi a transformação do negócio, a princípio, digital para o físico.

“A gente jogava e postava no Instagram, nos stories. Os nossos amigos perguntavam onde a gente comprava. Foi aí que a gente começou a pensar no negócio. Calhou de aparecer um curso, no Instagram, sobre como fazer renda extra com jogos. Compramos! Depois de um tempo, resolvemos fazer, ver as aulas e pensamos ‘vamos tentar’”, relembra.

“Começamos alugando, fizemos todo estudo de mercado. Dos aluguéis, o pessoal começou a pedir encontros presenciais, porque na pandemia, todo mundo ficou muito isolado. Quando começou a flexibilizar, no final de 2021 e início de 2022, fizemos o nosso primeiro evento em uma livraria. Foi muito legal, vendemos todos os ingressos. Desde esse evento até hoje, criou-se uma comunidade, que o pessoal chama de “Nalalanders”.

Há cerca de um ano, o Nala Land, nome que faz referência a gata de Walkyria e Hugo, marido e sócio, funciona em um casarão laranja, em alusão a cor do pelo de Nala, localizado no bairro do Arruda. O “rolê +30”, como brincam os proprietários, conta com um acervo de 300 jogos, área interna e externa, serviço de bar e cozinha. Apesar de ser um bar, o empreendimento não tem música ambiente. “O único som que vão ouvir aqui é o das risadas e conversas”, salienta a advogada. Toda a decoração faz referência à Nala e foi produzida pelos proprietários e com presentes dados por frequentadores.

O empreendimento funciona de quinta a domingo, com couvert lúdico, mediante reserva online, que custa R$ 20 (quinta e sexta) e R$ 25 (sábado e domingo). Os valores dão acesso aos jogos, como também à explicação de monitores, caso seja necessário.

“Hoje, nós somos o único bar de jogos de tabuleiro, já houve outros no passado, que fecharam. A nossa diferença é ter uma proposta acolhedora, para que as pessoas se sintam em casa. Os clientes chegam aqui e a gente apresenta a casa, apresenta as regras e deixa a pessoa a vontade. A gente tem o serviço de monitoria, que ensina as pessoas a jogarem. Eles [monitores] facilitam as regras para que as pessoas se preocupem apenas a jogar. Hoje, nós contamos com dois monitores”, diz a empreendedora.

Diversão à moda antiga

Apesar do espaço físico, a Nala Land continua com o serviço de locação de jogos. Os pedidos são realizados online, com pagamento de diária. Os valores variam conforme a complexidade dos itens. O processo possui regras específicas que, segundo Walkyria, é uma forma de preservar os jogos. “Há algumas cláusulas no contrato de locação. Os locatários já sabem os valores, caso haja perda de peças ou danos irreversíveis. Mas, nunca ocorreu nada grave”, frisa.

Ao lado dos amigos, Rayssa Dias, que é estudante de publicidade, ficou atraída pela proposta do negócio e a possibilidade de ter acesso a uma diversidade de jogos. “Aqui, a gente tem o contato com vários jogos diferentes, aprende a jogar. A gente acaba sabendo se ele [jogo] é bom e se vale a pena comprar”, ressalta.

O lema do Nala Land é “Todos Jogam”. Conforme Walkyria Bezerra, mesmo aqueles que não possuem amigos entusiastas dos jogos de tabuleiro podem e devem frequentar o espaço. “A gente tem um grupo no WhatsApp e, muitas vezes, sempre tem alguém que fala que não vem porque os amigos não gostam de jogar. Porém, isso não é um impedimento. Pode ter certeza que sempre tem alguém para jogar”.

O plano dos proprietários é expandir o negócio e, assim, atender mais pessoas. “Como o espaço é pequeno, temos que trabalhar com o sistema de reserva. Nos parte o coração ver pessoas chegando aqui, sem reserva, e não poder acomodá-las. Também não tem condições delas ficarem esperando uma vaga, porque é uma rua residencial, sem outras alternativas. Mas, temos os planos de ir para uma casa maior, expandir o negócio”.

Mercado de jogos de tabuleiro

Para além da diversão, os jogos de tabuleiro se consolidam como um negócio em ascensão, conforme dados da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Segundo a Abrinq, esses jogos passaram a representar 13,1% das vendas de brinquedos no Brasil. No mundo, os board games foram responsáveis, em 2024, por uma movimentação de R$ 53 bilhões, segundo a consultoria Statista.