Atraso dos kits escolares ocorreu por problemas na licitação, justifica secretário de Educação de Pernambuco

Gilson Monteiro Filho foi convocado para prestar esclarecimentos na Alepe

Atraso dos kits escolares ocorreu por problemas na licitação, justifica secretário de Educação de Pernambuco

Secretário de Educação de Pernambuco, Gilson Monteiro. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

O atual secretário de Educação de Pernambuco, Gilson Monteiro Filho, foi convocado pela Comissão de Administração Pública, presidida por Waldemar Borges (PSB), para prestar esclarecimentos sobre o atraso na entrega dos kits escolares e fardamentos, ausência de licitação de merenda, Ganhe o Mundo, entre outras demandas de responsabilidade da pasta. O encontro ocorreu na manhã desta terça-feira (1).

No auditório Senador Sérgio Guerra, da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Monteiro salientou que o atraso da entrega dos kits escolares ocorreu devido a problemas no processo licitatório, junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Segundo o secretário, a SEE precisou recorrer à ata do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Governo Federal, para viabilizar a aquisição dos itens.

“A gente teve um questionamento do processo licitatório, como também tivemos três medidas cautelares, do Tribunal de Contas, que pediam informações sobre alguns itens. Nesse período, a gente passou em torno de três ou quatro meses nesse processo. A medida adotada para que esses kits chegassem às escolas foi aderir uma ata do FNDE e essa ata a gente atingiria todo quantitativo. Contudo, esse kit não é completo como o nosso e, desde então, a gente fez uma nova adesão dela [ata], porque a gente entrega agora em abril, a primeira leva deles, pela quantidade ser insuficiente, e, em junho, a gente tem novas entregas complementares”, garantiu Gilson Monteiro.

Ainda conforme o responsável pela pasta, mesmo com a entrega dobrada, ainda não atingiria “aquilo que é o nosso kit escolar”. Além disso, Gilson Monteiro ressalta que a decisão foi meramente administrativa “diante do tempo do processo licitatório e como ele se arrastou até agora”. Na ocasião, ele afirmou que na primeira quinzena de abril, ou até o dia 20 do mesmo mês, “será feita a entrega [de kits] a toda comunidade escolar porque já estão em trânsito”.

Um levantamento, realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) com 511 escolas, aponta que mais de 70% das instituições não receberam kits. Das unidades educacionais que receberam os itens, 33,3% responderam que os kits estão completos e são de boa qualidade, 23% apontaram que não apresentam boa qualidade.

Já 21,5% afirmam que os materiais chegaram incompletos e de baixa qualidade e, por fim, 22,2% receberam o kit incompleto, contudo, com boa qualidade. Confira:

Produção local atrasou distribuição de fardas

No que se refere à distribuição de fardas para estudantes da rede estadual de Pernambuco, Gilson Monteiro esclareceu que houve atraso porque o Governo optou por confecções pernambucanas. Conforme o secretário, ocorreu uma demora no credenciamento de empresas interessadas e na produção dos fardamentos.

Ainda segundo Monteiro, o mesmo aconteceu com os tênis e mochilas destinados aos alunos das escolas estaduais. Consoante os estudantes e levantamento do Sintepe, o quantitativo é insuficiente, sendo uma unidade para cada aluno.

Mediante nota enviada ao LeiaJá, a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco (SEE) esclarece que “já distribuiu o fardamento em todas as escolas da Rede Estadual de Ensino, totalizando 566.904 fardas, sendo entregue uma unidade para cada estudante, e até o fim do ano deve entregar um total de 1,8 milhão de fardamentos”.

“Questões gerenciais”

O presidente da Comissão de Administração Pública, Waldemar Borges, justificou a presença de Gilson Monteiro Filho na Alepe em “função de muitas manifestações” recebidas “a respeito de problemas diversos no âmbito da Secretaria de Educação de Pernambuco.”

Segundo o parlamentar, há queixas generalizadas em várias escolas de Pernambuco, que envolvem compras emergenciais de insumos para merenda, orçadas em R$ 2 milhões; rodízio de proteína, com escolas que passam três a quatro dias sem carne nas refeições; raso e erros na folha de pagamento (salários, gratificações erradas) dos profissionais da Educação, entre outras. Para Borges, a maioria das problemáticas é por “questões gerenciais”.