Assédio e taxas para alunos: denúncias atingem mais um gestor de escola em Jaboatão
O diretor da Oscar Moura, conforme relato e carta-denúncia envida ao LeiaJá, tem apresentado condutas que causaram afastamentos e adoecimento emocional de docentes
fevereiro 6, 2025 - 3:10 pm

Escola Municipal Oscar Moura. Foto: Google Street View
Profissionais da Escola Municipal Oscar Moura, localizada em Jaboatão do Guararapes, expõem episódios de assédio, como também irregularidades, praticados pelo gestor da unidade. A denúncia aparece dois dias após o LeiaJá revelar um caso semelhante na Escola Municipal Natividade Saldanha, na mesma cidade.
O diretor da Oscar Moura, conforme relato e carta-denúncia envida ao LeiaJá, tem apresentado condutas que causaram afastamentos e adoecimento emocional de docentes, com uso de medicamentos.
“No início da gestão [em 2022], ele era tranquilo. Mas, isso foi mudando com o tempo. Demoramos muito para denunciar, porque tínhamos e ainda temos receio. O gestor apresenta uma conduta autoritária e, muitas vezes, irônica”, frisa uma professora ouvida pela reportagem.
Outra prática apontada pela docente é desconto indevido do salário. “Alguns professores tiveram um decréscimo de 40% do salário, devido a descontos indevidos”, conta, ela que “já deu uma volta inteira na escola para não ter que encarar o gestor”.
Segundo a carta-denúncia enviada à reportagem, datada de 2024 e endereçada à Secretaria de Educação de Jaboatão dos Guararapes e setor jurídico do sindicato da categoria (Sinproja), há pontuado a conduta do diretor com demais funcionários, incluindo terceirizados.
Confira um trecho:
“O diretor da [escola] Oscar Moura desrespeita a equipe da cozinha e da limpeza na frente de todos e não à toa que muitas não permanecem no cargo. Já foi visto por professores que ele fala palavras agressivas como “roubando suco” (…) havia nas salas dos professores uma estação de tablets e ele afirmou que os docentes estavam “levando os carregadores”.
Ausência de provas e cobrança de taxa a alunos
Além dos assédios, os profissionais da Escola Municipal Oscar Moura denunciam outras irregularidades cometidas pelo gestor. “Não temos realização de provas na escola porque, segundo ele, não há recurso para adquirir papel para impressão das avaliações”, expõe uma docente.
Alegando também falta de recurso, o diretor chegou a dar livros antigos aos alunos no início do ano letivo. “Ele justificou dizendo que não tinha material para todos os alunos. O que foi negado por um representante da prefeitura”,
Ademais, conforme o relato, são cobradas taxas para participação de estudantes em projetos da escola, como feira de conhecimento. “Ele aluga uma barracas e o valores são cobrados aos alunos. Muitos não têm condições. Então, os professores responsáveis buscam meios para arcar isso”.
“Assédio moral é quase uma epidemia em Jaboatão”
O caso relatado por profissionais da Escola Municipal Oscar Moura é de conhecimento do Sinproja, que representa a categoria. Em entrevista ao LeiaJá, a diretora jurídica a instituição, Mariana Maciel, falou sobre o crescente quantitativo de casos de assédio em escolas do município.
“Recebemos muitos casos [assédio]. Todo dia chega ao sindicato algo do tipo. Assédio moral é quase uma epidemia em Jaboatão”.
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À reportagem, Mariana Maciel frisa que esses episódios são temas das mesas de negociação e são de conhecimento da Secretaria de Educação municipal. Esse tema dez parte das nossas reivindicações em 2024 e continuam a ser em 2025″, reforça.
“O Sinproja também atua como mediador nesses casos. A nossa recomendação para os professores sindicalizados que sofrem algum tipo de assédio é nos procurar presencialmente ou por nossos canais oficiais. O sindicato fará a escuta e dará as orientações necessárias. Além disso, os servidores podem recorrem ao Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e ouvidoria”.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, contudo, até a publicação da matéria, não tivemos retorno. O espaço segue aberto.
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