Brasileira com “a pior dor do mundo” faz campanha para conseguir eutanásia na Suíça
Carolina Arruda, de 27 anos, convive com a neuralgia do trigêmeo desde 2013 e não consegue melhorar a qualidade de vida mesmo após cirurgias e tratamentos paliativos
julho 4, 2024 - 1:52 pm

A brasileira Carolina Arruda Leite, de 27 anos, abriu uma vaquinha on-line para custear sua ida à Suíça para se submeter a uma eutanásia, que é proibida no Brasil. O procedimento consiste na interrupção da vida humana através de um método indolor e com o objetivo de aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa. No caso de Carolina, ela convive com a neuralgia do trigêmeo bilateral, doença que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face. A doença não tem cura.
Nas redes sociais, Carolina compartilha relatos sobre o convívio com a doença, para qual recebeu o diagnóstico em 2013. A jovem sofre com espasmos musculares, dores intensas — que se assemelham a choques elétricos, desmaios repentinos e entradas hospitalares frequentes. Após anos realizando cirurgias e tratamentos paliativos, a paciente decidiu optar pela eutanásia e agora busca formas de custear o procedimento na Europa.
Atualmente, Arruda faz uso de morfina e canabidiol para aliviar os sintomas da neuralgia, conhecida como a doença que causa “a pior dor do mundo.” A vaquinha “Por uma despedida digna: ajude Carolina a alcançar paz” foi criada no último dia 1º de julho e já conta com mais de 800 apoiadores. Até o momento, a arrecadação obteve R$ 38,3 mil de um objetivo final de R$ 150 mil.
O valor estabelecido na meta deverá cobrir todos os custos da viagem à Suíça, incluindo a assistência médica. A instituição escolhida para realizar a eutanásia foi a Dignitas, especializada em suicídio assistido. Para ajudar, basta visitar a página oficial da arrecadação.
A rotina de Carolina
A jovem é natural de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, e está prestes a se formar em medicina veterinária. Em uma publicação recente, Carolina Arruda compartilhou a felicidade em concluir o curso. “Eu iniciei várias etapas importantes que não pude concluir, meu corpo me obrigou a desacelerar cada vez mais, até parar completamente. Assim, eu passei a não me reconhecer mais e aos poucos fui perdendo minha perspectiva de vida. Concluir essa etapa da minha vida é uma vitória diante deste sonho que estava tão distante da minha realidade”, escreveu em uma publicação de junho.
Em vídeos que Carolina compartilha no Instagram e no TikTok, é possível perceber que as crises da veterinária são repentinas e a impedem de realizar atividades diárias. Até mesmo comer ou abrir a boca funciona como gatilho para os espasmos, já que a sensibilidade se concentra no rosto da paciente.
“Durante crises de dor, já tentei suicídio duas vezes. Nesses momentos, a dor é tão intensa que não consigo raciocinar direito. Após a minha última tentativa de suicídio, me internaram em um hospital psiquiátrico com depressão. Infelizmente, a depressão que enfrento é decorrente de anos vivendo com dores crônicas”, diz um relato de Carolina.